Uma carta

Arizona,24 de Dezembro de 2010

Querida mãe,

Finalmente arranjei tempo para lhe escrever algo.Atendendo a seu pedido anterior (que ocupou todo a última carta enviada a mim pela senhora) vou lhe contar como estou ... melhor ainda como foi meu dia .Prometo que dessa vez não só vou dizer que foi legal (atitude que sei que não gosta).

Meu trabalho:
Sei que nas últimas 30 cartas disse que meu humilde trabalho era a realização de um sonho,sinto muito mãe mas eu menti.Como sabe,eu trabalho fazendo apólices de seguros de vida,meu chefe é inteligentíssimo e competente,mas é o maior snobe que já tive a infelicidade de conviver.Creio que o que me faz continuar a trabalhar -além do dinheiro para ajudar a senhora,é claro - são meus colegas de trabalho.São os melhores que poderia ter,mesmo com todo aquela atmosfera massante - e massacrante as vezes - eles arrancam alguns sorrisos tímidos de minha boca .E sim mamãe,sem a senhora por aqui estou sorrindo menos.

Meu dia:
Acordei  e fiz o que sempre faço antes de ir para meu "trabalho dos sonhos".
Na véspera de Natal sempre tem o amado -odiado por mim- amigo secreto.Como sabe eu sempre tive azar nessas coisas (na escola sempre tirei a professora,dava o presente mais caro e recebia o mais barato) .Mas para não corromper o espírito natalino resolvi participar (com a inútil esperança que minha má sorte tirasse férias nesse fim de ano ) - e adivinhe quem tirei ,sim meu chefe Adam da maravilhosa família -de comercial de margarina - Suwan .Comprei para ele um relógio -que custou metade do meu salário -fiquei conferindo a cada cinco minutos se ele ainda estava na minha bolsa ,só parei quando cheguei no escritório.
 E aconteceu algo que ninguém esperava,a criatura não veio!No início pensei que fosse um milagre natalino,ou que o espírito de Natal tomasse conta naquele ser snobe e ele nós presenteasee com sua Não -Presença.
Foi o melhor dia de trabalho que tive,ficamos muito bem sem ele.Recebi um lindo par de brincos de prata do Richard (e sim mãe já terminamos,ele era muito ciumento).
Quando ia para a garagem,tive uma ideia tola (mas a senhora sabe que sempre "embarco" em ideias tolas).Porque não ir a casa de meu chefe entregar o presente?Não ia correr o risco de perde-lo (o presente),ou que o roubassem. Como meu chefe mora perto do prédio,resolvi deixar meu caro descansar um pouco e colocar minhas pernas para trabalhar
Agora que a parte interessante acontece:
Andei uns cinco minutos - andar de salto agulha é uma façanha enorme -até que algo chamou minha atenção:
Na calçada da rua oposta a que eu -"tentava" caminhar sem parecer que quero ir ao banheiro - andava havia um bar e lá um homem de terno italiano preto ,ele  bebia um Martin (já fui garçonete,reconheço um desse de longe )Aquilo era algo incomum,pensei quem estaria num bar de terno.Forcei minha vista o máximo,até chegar a conclusão que teria que atravessar a rua para que minha curiosidade me deixasse ir a casa de meu chefe.Conforme me aproximei vi que aquele era meu chefe.Não esperaria aquela conduta nunca!
Tive o estranho instinto de tirá-lo dali imediatamente,quase caia do salto fazendo isso,peguei na mão dele e o tirei de lá. (não sei o que me motivou a fazer isso,talvez preservar a imagem da empresa  .. não !Foi uma atitude idiota mesmo.

Continua....
Se tiver um resultado positivo eu posto o resto ..comentem se gostarem ;)

BEijos e tenham um ótimo Natal!